Uma possível “religião” estética em Charles Baudelaire:

Reflexões mitocríticas sobre a obra As Flores do Mal.

Resumo

O artigo abordou o complexo de imagens que constitui o livro “As Flores do Mal” de Charles Baudelaire, sob a ótica metodológica das teorias do imaginário de Gilbert Durand. Em busca de compreender a emergência de imagens semelhantes a símbolos religiosos ou místicos ao longo do texto, se propôs a mapear os principais mitemas que informaram a produção poética do autor, não apenas em sua superfície narrativa, mas nas galerias subterrâneas do texto, sob a forma de vestígios imagéticos redundantes ou obsessivos. Complementarmente, buscou-se identificar as influências exercidas na elaboração poética pela cosmovisão do autor, e pela escola artística decadentista do final do século XIX. Como resultado, encontraram-se traços de uma possível mística não religiosa baudelairiana, o que denota novas possibilidades de desenvolvimento no âmbito das Ciências da Religião.